quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Elegias de Sulpícia. nos livros de Tibulo


SULPÍCIA I  (= Tibulo, Elegias, III,  XIII)

Tandem uenit amor, qualem texisse pudori
    quam nudasse alicui sit mihi fama magis.
Exorata meis illum Cytherea Camenis
    attulit in nostrum deposuitque sinum.
Exsoluit promissa Venus: mea gaudia narret,              
    dicetur si quis non habuisse sua.
Non ego signatis quicquam mandare tabellis,
    ne legat id nemo quam meus ante, uelim,
sed peccasse iuuat, uultus componere famae
    taedet: cum digno digna fuisse ferar.               


Conheci finalmente o amor! Mais vergonha teria
de o esconder, que de revelá-lo a toda a gente.
Ouvindo as minhas preces Vénus foi-me propícia
e acabou por depor Cerinto entre os meus braços!
Já senti os prazeres de Vénus! Que julgue tais prazeres
quem quer que porventura não possa experimentá-los!...
Não vou escrever versos que qualquer um possa ler
antes do meu amante. Ah! não, isso não quero!
Mas sou feliz por me ter dado. Adeus, reputação...
Amámo-nos: ele foi digno de mim, e eu dele!





II (= Tibulo, Elegias, III, XVII)

Estne tibi, Cerinthe, tuae pia cura puellae,
    quod mea nunc uexat corpora fessa calor?
A ego non aliter tristes euincere morbos
    optarim, quam te si quoque uelle putem.
At mihi quid prosit morbos euincere, si tu      
    nostra potes lento pectore ferre mala?



Já não pensas, Cerinto, na tua pobre amante,
neste corpo que uma febre doentia consome?
Não me interessa vencer minha cruel doença
se não souber que tu desejas ver-me boa.
De que me servirá curar-me se tu, por tua parte,

encaras com indiferença a febre que me rói? 



Tradução de José António Campos em Antologia de poesia latina, erótica e satírica, por um grupo de docentes da Faculdade de Letras de Lisboa. Fernando Ribeiro de Mello – Edições Afrodite, Lisboa, 1975

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