domingo, 13 de novembro de 2011

Chanson de Colette Renard (1924-2010)

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Les nuits d’une demoiselle
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Musique, ici

Que c'est bon d'être demoiselle
Car le soir dans mon petit lit
Quand l'étoile Vénus étincelle
Quand doucement tombe la nuit

Je me fais sucer la friandise
Je me fais caresser le gardon
Je me fais empeser la chemise
Je me fais picorer le bonbon

Je me fais frotter la péninsule
Je me fais béliner le joyau
Je me fais remplir le vestibule
Je me fais ramoner l'abricot

Je me fais farcir la mottelette
Je me fais couvrir le rigondonne
Je me fais gonfler la mouflette
Je me fais donner le picotin

Je me fais laminer l'écrevisse
Je me fais foyer le cœur fendu
Je me fais tailler la pelisse
Je me fais planter le mont velu

Je me fais briquer le casse-noisettes
Je me fais mamourer le bibelot
Je me fais sabrer la sucette
Je me fais reluire le berlingot

Je me fais gauler la mignardise
Je me fais rafraîchir le tison
Je me fais grossir la cerise
Je me fais nourrir le hérisson

Je me fais chevaucher la chosette
je me fais chatouiller le bijou
Je me fais bricoler la cliquette
Je me fais gâter le matou

Et vous me demanderez peut-être
Ce que je fais le jour durant
Oh! cela tient en peu de lettres
Le jour, je baise, tout simplement


Marília de Dirceu, de Tomás António Gonzaga (1744-1810)

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Parte II, Lira XXV
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Minha Marília,
o passarinho,
a quem roubaram
ovos, e ninho,
mil vezes pousa
no seu raminho;
piando finge
que anda a chorar.
Mas logo voa
pela espessura,
nem mais procura
este lugar.


Se acaso a vaca
perde a vitela,
também nos mostra
que se desvela;
o pasto deixa,
muge por ela,
até na estrada
a vem buscar.
Em poucos dias,
ao que parece,
dela se esquece,
e vai pastar.


O voraz tempo,
que o ferro come,
que aos mesmos reinos
devora o nome;
também Marília,
também consome
dentro do peito
qualquer pesar.
Ah! só não pode
ao meu tormento
por um momento
alívio dar!


Também, ó bela,
não há quem viva
instantes breves
na chama activa;
derrete ao bronze;
sendo excessiva,
ao mesmo seixo
faz estalar.
Mas do amianto
a febre dura
na chama atura
sem se queimar.


Também, Marília,
não há quem negue,
que bem que o fogo
nos óleos pegue,
que bem que em línguas,
às nuvens chegue,
à força d'água
se há-de apagar.
Se a negra pedra
nós acendemos,
com água a vemos
mais s'inflamar.


O meu discurso,
Marília, é recto:
a pena iguala
ao meu afecto;
o amor, que nutro,
ao teu aspecto,
e ao teu semblante,
é singular.
Ah! nem o tempo,
nem inda a morte
a dor tão forte
pode acabar!