------
------
------
EPITAPHIUM CATHARINÆ PUELLÆ ORNATISSIMÆ
Hoc jacet ingenuæ formæ Catharina sepulcro;
Grata fuit multis scita puella procis.
Morte sua lugent cantus lugentque choreæ,
Flet Venus, et mœsto corpore mœret Amor.
EPITÁFIO DE CATARINA, MENINA ELEGANTÍSSIMA
Aqui jaz Catarina, de belas formas. A graciosa menina foi querida a muitos amantes. Com a sua morte, estão de luto os cantos e as danças; Vénus chora e, com o corpo dolente, chora o Amor.
LAUS AURISPÆ AD COSMUM
Si quis erit priscis æquandus, Cosme, poetis,
Et si cui Phœbus Pieridesque favent,
Si quis cum loquitur vel splendida facta reponit,
Mercurium jures ejus ab ore loqui,
Quive alios laudet, cum sit laudabilis ipse,
Quive hedera merito tempora nexa ferat,
Si quis erit linguæ doctus Grajæ atque Latinæ,
Si non Aurispa est hic, periisse velim.
Quisquis in hoc mecum non senserit, arbiter æquus
Non fuit, aut certe Zoilus ille fuit.
ELOGIO DE AURISPA, A CÓSIMO
Se há quem merece, ó Cósimo, ser comparado aos poetas antigos, se há alguém que Febo e as Piérides favorecem, se há quem conta e canta feitos grandiosos, de tal modo que tu jurarias que Mercúrio fala pela sua boca, que louva os outros, ele que merece todos os louvores, e que tem as suas têmporas cingidas de hera por direito próprio; se ele é douto nas línguas Grega e Latina, se essa pessoa não é Aurispa, eu que morra!
Quem não pensar como eu, não pode ser justo juiz, ou então será com certeza Zoilo.
De:
Hermaphroditus, de Antonio Beccadelli (Palermo, 1394 – Nápoles, 1471), dito o Panormita, isto é, Palermitano
quinta-feira, 30 de dezembro de 2010
sábado, 4 de dezembro de 2010
O hermafrodita
------
------
------
Ad Ursam flentem
Quid fles? en nitidos turbat tibi fletus ocellos!
Quid fles, o lacrymis Ursa decora tuis?
Forte quod adversus te acciverit ira Camenas,
Aut mihi quod tu sis non adamata putes?
Crede mihi, mea lux, tantum te diligo, quantum
Non magis ex animo quisquis amare queat.
Tu quoque me redamas. Dubium est, qui vincit amore,
Alter utram vincit, vincitur alter utra.
Cur igitur credis vitio qui ductus iniquo
Inter nos rixam dissidiumque cupit?
Juro per has lacrimas et crura simillima lacti,
Perque nates molles, et femur, Ursa, tuum,
Quod nunquam nisi quæ te laudent carmina feci;
Sic sit versiculis gratia multa meis.
Ah pereat quæso tibi qui mendacia dixit!
Ah pereat falsum qui tibi cumque refert!
Terge tuos fletus, sine te dissuavier, Ursa:
Farce mihi, luctu torqueor ipse tuo.
Tandem siste tui lacrymas, curaque salutem,
Namque ego te domina sospite sospes ero.
A Ursa, que chora
Por que choras? O pranto ofusca os teus olhos brilhantes! Por que choras, ó Ursa? Ficas mais bonita com as tuas lágrimas? Talvez porque a raiva excitou contra ti a minha musa, ou porque pensas que já não és por mim amada? Acredita, minha querida, eu amo-te tanto como mais ninguém pode amar do fundo da alma. E tu também me amas. Não se sabe quem de nós dois ama mais; um ama o outro e é amado com um amor igual. Então porque crês em quem, por um instinto iníquo, fomenta entre nós dissensão e discórdia?
Juro-te pelas tuas lágrimas, pelas tuas coxas mais brancas que o leite, pelas tuas nádegas macias, pela tua crica, ó Ursa, que nunca escrevi versos senão em teu louvor, e é por ti que os meus versos têm beleza. Morra quem te disse essas falsas coisas! Morra quem te disse essa mentira! Enxuga as tuas lágrimas; deixa que te beije. Ursa, tem piedade de mim, a tua tristeza é para mim tortura. Trava as tuas lágrimas, pensa na tua saúde: porque eu estarei bem se a minha senhora estiver bem.
De pœna infernali, quam dat Ursa auctori
superstiti
Si calor et fœtor, strider quoque sontibus umbris
Sint apud infernos ultima pœna locos,
Ipse ego Tartareas, dum vivo, perfero pœnas,
Id mihi supplicium suggerit Ursa triplex.
Nam sibi merdivomum stridit resonatque foramen,
Fervet et Ursa femur, putet et Ursa pedes..
Do suplício infernal que Ursa inflige ao autor sobrevivente
Se o calor, o fedor, o chinfrim atormentam as almas condenadas no inferno, último suplício delas, eu, vivo ainda, sofro as penas de Tártaro. Ursa inflige-me um tríplice suplício, pois o seu ânus assobia e troveja, as suas coxas queimam, cheiram mal os seus pés.
De:
Hermaphroditus, de Antonio Beccadelli (Palermo, 1394 – Nápoles, 1471), dito o Panormita, isto é, Palermitano
------
------
Ad Ursam flentem
Quid fles? en nitidos turbat tibi fletus ocellos!
Quid fles, o lacrymis Ursa decora tuis?
Forte quod adversus te acciverit ira Camenas,
Aut mihi quod tu sis non adamata putes?
Crede mihi, mea lux, tantum te diligo, quantum
Non magis ex animo quisquis amare queat.
Tu quoque me redamas. Dubium est, qui vincit amore,
Alter utram vincit, vincitur alter utra.
Cur igitur credis vitio qui ductus iniquo
Inter nos rixam dissidiumque cupit?
Juro per has lacrimas et crura simillima lacti,
Perque nates molles, et femur, Ursa, tuum,
Quod nunquam nisi quæ te laudent carmina feci;
Sic sit versiculis gratia multa meis.
Ah pereat quæso tibi qui mendacia dixit!
Ah pereat falsum qui tibi cumque refert!
Terge tuos fletus, sine te dissuavier, Ursa:
Farce mihi, luctu torqueor ipse tuo.
Tandem siste tui lacrymas, curaque salutem,
Namque ego te domina sospite sospes ero.
A Ursa, que chora
Por que choras? O pranto ofusca os teus olhos brilhantes! Por que choras, ó Ursa? Ficas mais bonita com as tuas lágrimas? Talvez porque a raiva excitou contra ti a minha musa, ou porque pensas que já não és por mim amada? Acredita, minha querida, eu amo-te tanto como mais ninguém pode amar do fundo da alma. E tu também me amas. Não se sabe quem de nós dois ama mais; um ama o outro e é amado com um amor igual. Então porque crês em quem, por um instinto iníquo, fomenta entre nós dissensão e discórdia?
Juro-te pelas tuas lágrimas, pelas tuas coxas mais brancas que o leite, pelas tuas nádegas macias, pela tua crica, ó Ursa, que nunca escrevi versos senão em teu louvor, e é por ti que os meus versos têm beleza. Morra quem te disse essas falsas coisas! Morra quem te disse essa mentira! Enxuga as tuas lágrimas; deixa que te beije. Ursa, tem piedade de mim, a tua tristeza é para mim tortura. Trava as tuas lágrimas, pensa na tua saúde: porque eu estarei bem se a minha senhora estiver bem.
De pœna infernali, quam dat Ursa auctori
superstiti
Si calor et fœtor, strider quoque sontibus umbris
Sint apud infernos ultima pœna locos,
Ipse ego Tartareas, dum vivo, perfero pœnas,
Id mihi supplicium suggerit Ursa triplex.
Nam sibi merdivomum stridit resonatque foramen,
Fervet et Ursa femur, putet et Ursa pedes..
Do suplício infernal que Ursa inflige ao autor sobrevivente
Se o calor, o fedor, o chinfrim atormentam as almas condenadas no inferno, último suplício delas, eu, vivo ainda, sofro as penas de Tártaro. Ursa inflige-me um tríplice suplício, pois o seu ânus assobia e troveja, as suas coxas queimam, cheiram mal os seus pés.
De:
Hermaphroditus, de Antonio Beccadelli (Palermo, 1394 – Nápoles, 1471), dito o Panormita, isto é, Palermitano
terça-feira, 16 de novembro de 2010
O hermafrodita
------
------
------
AD MATRONAS ET VIRGINES CASTAS
Quæque ades, exhortor, procul hinc, Matrona, recede:
Quæque ades, hinc pariter, virgo pudica, fuge.
Exuor, en bracis jam prosilit inguen apertis,
Et mea permulto Musa sepulta mero est.
Stet, legat et laudet versus Nichina procaces,
Adsueta et nudos Ursa videre viros.
ÀS MATRONAS E ÀS VIRGENS CASTAS
Sejas tu quem fores, Matrona, vai para bem longe; e tu também, pudica Virgem, foge. Dispo-me, da braguilha aberta sai o meu pénis; a minha Musa está desfeita pelo excesso de bebida. Quinina pode ficar, ela que leia e gabe os versos lascivos; Ursa também, habituada como ela a ver homens nus.
EPITAPHIUM NICHINÆ FLANDRENSIS, SCORTI EGREGII
Si steteris paulum, versus et legeris istos,
Hac gnosces meretrix quæ tumulatur humo.
Rapta fui e patria teneris pulchella sub annis,
Mota proci lacrymis, mota proci precibus.
Flandria me genuit, totum peragravimus orbem,
Tandem me placidæ continuere Senæ.
Nomen erat, nomen notum, Nichina; lupanar
Incolui, fulgor fornicis unus eram.
Pulcra decensque fui, redolens et mundior auro,
Membra fuere mihi candidiora nive.
Quæ melior nec erat Senensi in fornice Thais
Gnorit vibratas ulla movere nates.
Rapta viris tremula fìgebam basia lingua.
Post etiam coitus oscula multa dabam.
Lectus erat multo et niveo centone refertus,
Tergebat nervos officiosa manus.
Pelvis erat cellæ in medio, qua sæpe lavabar,
Lambebat badidum blanda Catella femur.
Nox erat, et juvenum me sollicitante caterva
Substinui centum non satiata vices.
Dulcis, amœna fui, multis mea facta placebant,
Sed præter pretium nil mihi dulce fuit.
EPITÁFIO A NIQUINA DE FLANDRES, CORTESÃ FAMOSA
Se parares um instante e leres estes versos, saberás quem é a cortesã que aqui debaixo está enterrada. Na tenra idade, deixei a minha Pátria, levada pelas lágrimas do amante, arrastada pelas suas preces. Nasci na Flandres, peregrinei por todo o mundo, por fim descansei na tranquila Siena. O meu nome era Niquina, nome famoso; estive em lupanares, fui o esplendor dos bordéis. Fui bela e agradável, perfumada e mais limpa que o ouro, com os membros mais brancos que a neve. No bordel de Siena, nenhuma Thaïs mexia melhor as nádegas do que eu. Com a língua vibrante dava beijos inflamados aos homens e até após o sexo, dava muitos beijos. O meu leito estava cheio de níveos tecidos, e a minha mão industriosa acalmava os nervos. Havia no quarto uma bacia em que frequentemente me lavava, uma cadelita mansa lambia a minha coxa húmida. Uma noite, tendo-mo pedido um grupo de jovens, aguentei uma centena de assaltos, sem ficar saciada. Fui doce e agradável, a muitos agradava a minha maneira de ser, mas a mim, nada me dava prazer, se não o dinheiro.
OPTAT PRO NICHINA DEFUNCTA
Oro tuum violas spiret, Nichina, sepulcrum,
Sitque tuo cineri non onerosa silex.
Pieriæ cantent circum tua busta puellæ.
Et Phœbus lyricis mulceat ossa sonis.
FAZ VOTOS PELA FALECIDA NIQUINA
Desejo, ó Niquina, que o teu sepulcro tenha o odor de violetas. E que sobre os teus restos não esteja uma pesada pedra. Que as jovens Piérides cantem em redor da tua tumba. E que Febo com os seus líricos cânticos acaricie os teus ossos.
De:
Hermaphroditus, de Antonio Beccadelli (Palermo, 1394 – Nápoles, 1471), dito o Panormita, isto é, Palermitano
------
------
AD MATRONAS ET VIRGINES CASTAS
Quæque ades, exhortor, procul hinc, Matrona, recede:
Quæque ades, hinc pariter, virgo pudica, fuge.
Exuor, en bracis jam prosilit inguen apertis,
Et mea permulto Musa sepulta mero est.
Stet, legat et laudet versus Nichina procaces,
Adsueta et nudos Ursa videre viros.
ÀS MATRONAS E ÀS VIRGENS CASTAS
Sejas tu quem fores, Matrona, vai para bem longe; e tu também, pudica Virgem, foge. Dispo-me, da braguilha aberta sai o meu pénis; a minha Musa está desfeita pelo excesso de bebida. Quinina pode ficar, ela que leia e gabe os versos lascivos; Ursa também, habituada como ela a ver homens nus.
EPITAPHIUM NICHINÆ FLANDRENSIS, SCORTI EGREGII
Si steteris paulum, versus et legeris istos,
Hac gnosces meretrix quæ tumulatur humo.
Rapta fui e patria teneris pulchella sub annis,
Mota proci lacrymis, mota proci precibus.
Flandria me genuit, totum peragravimus orbem,
Tandem me placidæ continuere Senæ.
Nomen erat, nomen notum, Nichina; lupanar
Incolui, fulgor fornicis unus eram.
Pulcra decensque fui, redolens et mundior auro,
Membra fuere mihi candidiora nive.
Quæ melior nec erat Senensi in fornice Thais
Gnorit vibratas ulla movere nates.
Rapta viris tremula fìgebam basia lingua.
Post etiam coitus oscula multa dabam.
Lectus erat multo et niveo centone refertus,
Tergebat nervos officiosa manus.
Pelvis erat cellæ in medio, qua sæpe lavabar,
Lambebat badidum blanda Catella femur.
Nox erat, et juvenum me sollicitante caterva
Substinui centum non satiata vices.
Dulcis, amœna fui, multis mea facta placebant,
Sed præter pretium nil mihi dulce fuit.
EPITÁFIO A NIQUINA DE FLANDRES, CORTESÃ FAMOSA
Se parares um instante e leres estes versos, saberás quem é a cortesã que aqui debaixo está enterrada. Na tenra idade, deixei a minha Pátria, levada pelas lágrimas do amante, arrastada pelas suas preces. Nasci na Flandres, peregrinei por todo o mundo, por fim descansei na tranquila Siena. O meu nome era Niquina, nome famoso; estive em lupanares, fui o esplendor dos bordéis. Fui bela e agradável, perfumada e mais limpa que o ouro, com os membros mais brancos que a neve. No bordel de Siena, nenhuma Thaïs mexia melhor as nádegas do que eu. Com a língua vibrante dava beijos inflamados aos homens e até após o sexo, dava muitos beijos. O meu leito estava cheio de níveos tecidos, e a minha mão industriosa acalmava os nervos. Havia no quarto uma bacia em que frequentemente me lavava, uma cadelita mansa lambia a minha coxa húmida. Uma noite, tendo-mo pedido um grupo de jovens, aguentei uma centena de assaltos, sem ficar saciada. Fui doce e agradável, a muitos agradava a minha maneira de ser, mas a mim, nada me dava prazer, se não o dinheiro.
OPTAT PRO NICHINA DEFUNCTA
Oro tuum violas spiret, Nichina, sepulcrum,
Sitque tuo cineri non onerosa silex.
Pieriæ cantent circum tua busta puellæ.
Et Phœbus lyricis mulceat ossa sonis.
FAZ VOTOS PELA FALECIDA NIQUINA
Desejo, ó Niquina, que o teu sepulcro tenha o odor de violetas. E que sobre os teus restos não esteja uma pesada pedra. Que as jovens Piérides cantem em redor da tua tumba. E que Febo com os seus líricos cânticos acaricie os teus ossos.
De:
Hermaphroditus, de Antonio Beccadelli (Palermo, 1394 – Nápoles, 1471), dito o Panormita, isto é, Palermitano
sábado, 6 de novembro de 2010
O hermafrodita
------
------
------
AD AURISPAM DE URSÆ VULVA
Ecquis erit, vir gnare, modus, ne vulva voracis
Ursa testiculos sorbeat usque meos
Ecquis erit, lotum femur hæc ne sugat hirudo,
Ne prorsus ventrem sugat ad usque meum?
Aut illam stringas quavis, Aurispa, medela,
Aut equidem cunno naufragor ipse suo.
A AURISPA, SOBRE A CRICA DE URSA
Haverá algum modo, homem sábio, para que a vulva voraz de Ursa não engula os meus testículos? Um meio para que esta sanguessuga não sugue toda a minha coxa, e em seguida me sugue também o meu ventre? Não importa como, Aurispa, encolhe-a, ou certamente irei naufragar na sua crica.
AURISPÆ RESPONSIO
Si semper tantus spirare in æquore fœtor,
Neminis ut nasus littora ferre queat,
Quis vel in Adriaco, Scythico quis navita posset,
Aut in Tyrrheno naufragus esse mari?
Et tu ne timeas; nam cum magis arrigie Ursæ,
Cumve magis cupias, vulva repellet olens.
Hæc fiat ita horrendum, quod pingue et putre cadaver
Ursæ cum cunno lilia pulcra foret.
Hæc flat ita, ut, merdis si quisquam conferat inguen,
Sit violæ et suaves multa cloaca rosæ.
Sin tuus hunc talem non horret nasus odorem,
Ut sit tunc vulva strictior Ursa dabo.
RESPOSTA DE AURISPA
Se sempre exala das ondas um fedor tal que nenhum nariz pode tolerar o mar, qual o barqueiro que irá naufragar no mar Adriático, no Cítico ou no Tirreno? E tu não temas, pois, quanto mais anseias por Ursa, quanto mais a desejas, mais a sua natureza pútrida te repele. Ela emana um odor tão nauseabundo que um cadáver gordo e já podre, em comparação com a vulva de Ursa, é um lírio perfumado. Ela emana um fedor tal, que comparada aos excrementos, a cloaca transforma-se em violetas e rosas suaves. Se o teu nariz não rejeita um tal odor, procurarei então tornar mais estreita a crica de Ursa.
De:
Hermaphroditus, de Antonio Beccadelli (Palermo, 1394 – Nápoles, 1471), dito o Panormita, isto é, Palermitano
------
------
AD AURISPAM DE URSÆ VULVA
Ecquis erit, vir gnare, modus, ne vulva voracis
Ursa testiculos sorbeat usque meos
Ecquis erit, lotum femur hæc ne sugat hirudo,
Ne prorsus ventrem sugat ad usque meum?
Aut illam stringas quavis, Aurispa, medela,
Aut equidem cunno naufragor ipse suo.
A AURISPA, SOBRE A CRICA DE URSA
Haverá algum modo, homem sábio, para que a vulva voraz de Ursa não engula os meus testículos? Um meio para que esta sanguessuga não sugue toda a minha coxa, e em seguida me sugue também o meu ventre? Não importa como, Aurispa, encolhe-a, ou certamente irei naufragar na sua crica.
AURISPÆ RESPONSIO
Si semper tantus spirare in æquore fœtor,
Neminis ut nasus littora ferre queat,
Quis vel in Adriaco, Scythico quis navita posset,
Aut in Tyrrheno naufragus esse mari?
Et tu ne timeas; nam cum magis arrigie Ursæ,
Cumve magis cupias, vulva repellet olens.
Hæc fiat ita horrendum, quod pingue et putre cadaver
Ursæ cum cunno lilia pulcra foret.
Hæc flat ita, ut, merdis si quisquam conferat inguen,
Sit violæ et suaves multa cloaca rosæ.
Sin tuus hunc talem non horret nasus odorem,
Ut sit tunc vulva strictior Ursa dabo.
RESPOSTA DE AURISPA
Se sempre exala das ondas um fedor tal que nenhum nariz pode tolerar o mar, qual o barqueiro que irá naufragar no mar Adriático, no Cítico ou no Tirreno? E tu não temas, pois, quanto mais anseias por Ursa, quanto mais a desejas, mais a sua natureza pútrida te repele. Ela emana um odor tão nauseabundo que um cadáver gordo e já podre, em comparação com a vulva de Ursa, é um lírio perfumado. Ela emana um fedor tal, que comparada aos excrementos, a cloaca transforma-se em violetas e rosas suaves. Se o teu nariz não rejeita um tal odor, procurarei então tornar mais estreita a crica de Ursa.
De:
Hermaphroditus, de Antonio Beccadelli (Palermo, 1394 – Nápoles, 1471), dito o Panormita, isto é, Palermitano
segunda-feira, 1 de novembro de 2010
O hermafrodita
------
------
------
DE URSA SUPERINCUBANTE
Quum mea vult futui superincubat Ursa priapo;
Ipse suas partes subtineo, illa meas.
Si juvat, Ursa, vehi, moveas clunemque femurque
Parcius, aut inguen non tolerabit onus.
Deinde cave reduci repetas ne podice penem:
Quamvis, Ursa, velis, non mea virga volet.
Sobre Ursa montada a cavalo
Quando a minha Ursa quer divertir-se, monta-se em mim: ela faz o meu papel e eu o dela. Por favor, Ursa, agita o traseiro e as coxas com jeitinho, senão o meu membro dobra-se com o peso. Depois, não puxes de novo a verga para a tua gruta: mesmo que tu, Ursa, o quisesses, ela não o quereria.
De:
Hermaphroditus, de Antonio Beccadelli (Palermo, 1394 – Nápoles, 1471), dito o Panormita, isto é, Palermitano
------
------
DE URSA SUPERINCUBANTE
Quum mea vult futui superincubat Ursa priapo;
Ipse suas partes subtineo, illa meas.
Si juvat, Ursa, vehi, moveas clunemque femurque
Parcius, aut inguen non tolerabit onus.
Deinde cave reduci repetas ne podice penem:
Quamvis, Ursa, velis, non mea virga volet.
Sobre Ursa montada a cavalo
Quando a minha Ursa quer divertir-se, monta-se em mim: ela faz o meu papel e eu o dela. Por favor, Ursa, agita o traseiro e as coxas com jeitinho, senão o meu membro dobra-se com o peso. Depois, não puxes de novo a verga para a tua gruta: mesmo que tu, Ursa, o quisesses, ela não o quereria.
De:
Hermaphroditus, de Antonio Beccadelli (Palermo, 1394 – Nápoles, 1471), dito o Panormita, isto é, Palermitano
domingo, 24 de outubro de 2010
O hermafrodita
------
------
------
LAUS ALDÆ
Si tibi sint pharetræ atque arcus, eris, Alda, Diana;
Si tibi sit manibus fax, eris, Alda, Venus.
Sume lyram et plectrum, fies quasi verus Apollo;
Si tibi sit cornu et thyrsus, Iacchus eris.
Si desint hæc, et mea sit tibi mentula cunno,
Pulcrior, Alda, Deis atque Deabus eris.
ELOGIO DE ALDA
Se tens o arco e as flechas, Alda, tu és Diana. Se tens na mão o archote, Alda, tu és Vénus. Pega na lira e no arco, serás quase um verdadeiro Apolo; com o corno e o Tirso, tu serás Jaco. Se te falta tudo isso, e o meu coiso está na tua crica, tu, Alda, serás mais bela que todos os deuses e deusas.
IN ALDÆ MATREM
Ut mihi tu claudis, mater stomachosa, fenestram,
Sic tibi claudatur cunnus, iniqua parens!
Id tibi erit gravius, cælebs videare licebit,
Quam tibi si cœli janua clausa foret.
CONTRA A MÃE DE ALDA
Do mesmo modo que tu me fechas a janela, mãe atrabiliária, a ti se te feche a crica, iníqua progenitora. Embora sejas celibatária, custar-te-á isso mais do que se se fechasse para ti a porta do céu.
De:
Hermaphroditus, de Antonio Beccadelli (Palermo, 1394 – Nápoles, 1471), dito o Panormita, isto é, Palermitano
------
------
LAUS ALDÆ
Si tibi sint pharetræ atque arcus, eris, Alda, Diana;
Si tibi sit manibus fax, eris, Alda, Venus.
Sume lyram et plectrum, fies quasi verus Apollo;
Si tibi sit cornu et thyrsus, Iacchus eris.
Si desint hæc, et mea sit tibi mentula cunno,
Pulcrior, Alda, Deis atque Deabus eris.
ELOGIO DE ALDA
Se tens o arco e as flechas, Alda, tu és Diana. Se tens na mão o archote, Alda, tu és Vénus. Pega na lira e no arco, serás quase um verdadeiro Apolo; com o corno e o Tirso, tu serás Jaco. Se te falta tudo isso, e o meu coiso está na tua crica, tu, Alda, serás mais bela que todos os deuses e deusas.
IN ALDÆ MATREM
Ut mihi tu claudis, mater stomachosa, fenestram,
Sic tibi claudatur cunnus, iniqua parens!
Id tibi erit gravius, cælebs videare licebit,
Quam tibi si cœli janua clausa foret.
CONTRA A MÃE DE ALDA
Do mesmo modo que tu me fechas a janela, mãe atrabiliária, a ti se te feche a crica, iníqua progenitora. Embora sejas celibatária, custar-te-á isso mais do que se se fechasse para ti a porta do céu.
De:
Hermaphroditus, de Antonio Beccadelli (Palermo, 1394 – Nápoles, 1471), dito o Panormita, isto é, Palermitano
sexta-feira, 22 de outubro de 2010
O hermafrodita
------
------
------
LAUS ALDÆ
Alda, puellarum fortunatissima, gaude:
Vincitur omnipotens igne Cupido tuo.
Alda Deos omnes specieque et moribus æquat;
Sit minime mirum, si capit Alda Deos.
ELOGIO DE ALDA
Alda, a mais bela das meninas, alegra-te, o omnipotente Cupido está vencido pela tua chama. Alda, pela sua beleza e costumes, iguala todos os deuses: não é espanto nenhum que Alda seduza os deuses.
DE VILLICO STULTO, ALDAM BASIANTE
Porticus ingentem facie dum sustinet Aldam,
Villicus incautæ basia rapta dedit.
Hunc vulgus stolidum credit, sed stultius illo est
Vulgus. Me miserum, quam bene, stulte, sapis!
Quum liceat stultis impune suavia nymphæ
Figere, Dii facerent, stultus ut ipse forem.
SOBRE UM VILÃO ESTULTO QUE BEIJAVA ALDA
Enquanto um carregador levanta Alda, de largo rosto, um vilão, sem ela dar conta, deu-lhe um beijo às escondidas. O povo julga-o maluco, mas bem mais maluco é o povo. Pobre de mim, como és esperto, ó estulto! Pois se aos doidos é permitido beijar impunemente as ninfas, fazei, deuses, que eu seja como aquele estulto!
LAUS ALDÆ
Aldæ oculi legere domum Charitesque Venusque,
Ridet et in labiis ipse Cupido suis.
Non mingit, verum si mingit balsama mingit;
Non cacat, aut violas, si cacat, Alda cacat.
EM LOUVOR DE ALDA
As Graças e Vénus escolheram para morada os olhos de Alda, nos seus lábios ri Cupido em pessoa. Ela não mija, ou, se mija, ela mija perfume; ela não defeca ou, se defeca, ela defeca violetas.
De:
Hermaphroditus, de Antonio Beccadelli (Palermo, 1394 – Nápoles, 1471), dito o Panormita, isto é, Palermitano
------
------
LAUS ALDÆ
Alda, puellarum fortunatissima, gaude:
Vincitur omnipotens igne Cupido tuo.
Alda Deos omnes specieque et moribus æquat;
Sit minime mirum, si capit Alda Deos.
ELOGIO DE ALDA
Alda, a mais bela das meninas, alegra-te, o omnipotente Cupido está vencido pela tua chama. Alda, pela sua beleza e costumes, iguala todos os deuses: não é espanto nenhum que Alda seduza os deuses.
DE VILLICO STULTO, ALDAM BASIANTE
Porticus ingentem facie dum sustinet Aldam,
Villicus incautæ basia rapta dedit.
Hunc vulgus stolidum credit, sed stultius illo est
Vulgus. Me miserum, quam bene, stulte, sapis!
Quum liceat stultis impune suavia nymphæ
Figere, Dii facerent, stultus ut ipse forem.
SOBRE UM VILÃO ESTULTO QUE BEIJAVA ALDA
Enquanto um carregador levanta Alda, de largo rosto, um vilão, sem ela dar conta, deu-lhe um beijo às escondidas. O povo julga-o maluco, mas bem mais maluco é o povo. Pobre de mim, como és esperto, ó estulto! Pois se aos doidos é permitido beijar impunemente as ninfas, fazei, deuses, que eu seja como aquele estulto!
LAUS ALDÆ
Aldæ oculi legere domum Charitesque Venusque,
Ridet et in labiis ipse Cupido suis.
Non mingit, verum si mingit balsama mingit;
Non cacat, aut violas, si cacat, Alda cacat.
EM LOUVOR DE ALDA
As Graças e Vénus escolheram para morada os olhos de Alda, nos seus lábios ri Cupido em pessoa. Ela não mija, ou, se mija, ela mija perfume; ela não defeca ou, se defeca, ela defeca violetas.
De:
Hermaphroditus, de Antonio Beccadelli (Palermo, 1394 – Nápoles, 1471), dito o Panormita, isto é, Palermitano
Subscrever:
Mensagens (Atom)