sábado, 5 de abril de 2014

António de Gouveia (1510 ? - 1566)




DE ASELLO


Ad cenam sponsus ueterem inuitauit Asellum,
              Cui nullus toto corpore sanguis erat.
Hic grandem pro se natum delegat, opusque
              Quid factu et quali cum ratione docet.
Aulam ipsam quadam 
cum maiestate subintra:
              Saepe recusato membra repone loco.
Si comedant, saltent, cantent, haec onmia, Nate,
              Fac, u
honestatis non uideare rudis.
Cui Natus, futuant si forte, quid? id mihi manda.
              Atque istic subito, dixit Asellus, ero.




O ASNO

Um noivo convidou para o banquete um asno velho.
              Que já não tinha um pingo de vigor em todo o corpo.
Este envia em seu lugar um filho crescido, e ensina
              O que ele deve fazer e de que modo:
“Entra no palácio com certa majestade:
              Retira as patas dos lugares proibidos.
Caso eles comam, dancem, cantem, faz tudo isso, filho,
              Para não pareceres de comportamento grosseiro.”
O filho perguntou ao velho: “Caso eles fodam, que faço?” “Avisa-me disso
              E num instante”, disse o asno, “estarei lá”.


António de Gouveia

Tradução de Ricardo da Cunha Lima, na Tese de Doutoramento apresentada na Universidade de São Paulo, Agosto de 2007, A presença clássica na poesia neolatina do humanista português António de Gouveia, online aqui.

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