segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Um episódio da 3.a invasão francesa

Outubro - Novembro de 1810

Un sergent du 47e de ligne français, fatigué de la misère dans laquelle se trouvait l'armée, résolut de s'y soustraire pour vivre dans l'abondance. Pour cela, il débaucha une centaine de soldats des plus mauvais sujets, à la tête desquels il alla s'établir au loin, sur les derrières, dans un vaste couvent abandonné par les moines, mais encore bien pourvu de meubles et surtout de provisions de bouche, qu'il augmenta infiniment, en s'emparant de tout ce qui était à sa convenance dans les environs. Dans sa cuisine, les broches et les marmites bien garnies étaient constamment devant le feu; chacun y prenait à volonté; aussi, tant par dérision que pour exprimer d'un seul mot le genre de vie qu'on menait chez lui, il se faisait nommer le maréchal Chaudron!...

Ce misérable ayant fait enlever une grande quantité de femmes et de filles, l'attrait de la débauche, de la paresse et de l'ivrognerie conduisant bientôt vers lui les déserteurs anglais, portugais et français, il parvint à former de l'écume des trois armées une bande de près de 500 hommes, qui, oubliant leurs anciennes rancunes, vivaient tous en très bonne harmonie, au milieu d'orgies perpétuelles.

Ce brigandage durait depuis quelques mois, lorsqu'un détachement de nos troupes, chargé de réunir des vivres devenus plus rares chaque jour, s'étant égaré à la poursuite d'un troupeau jusqu'au couvent qui servait de repaire au prétendu maréchal Chaudron, nos soldats furent très étonnés de voir celui-ci venir à leur rencontre à la tête de ses bandits et leur prescrire de respecter ses terres et de rendre le troupeau qu'ils venaient d'y prendre!... Sur le refus de nos officiers d'obtempérer à cet ordre, le maréchal Chaudron ordonna de faire feu sur le détachement. La plupart des déserteurs français n'osèrent tirer sur leurs compatriotes et anciens frères d'armes; mais les bandits anglais et portugais ayant obéi, nos gens eurent plusieurs hommes tués ou blessés, et n'étant pas assez nombreux pour résister, ils furent contraints de se retirer, suivis par tous les déserteurs français qui se joignirent à eux et vinrent faire leur soumission.

Masséna leur pardonna, à condition qu'ils marcheraient en tête des trois bataillons destinés à aller attaquer le couvent. Ce repaire ayant été enlevé après une assez vive résistance, Masséna fit fusiller le maréchal Chaudron, ainsi que le petit nombre de Français restés auprès de lui. Beaucoup d'Anglais et de Portugais eurent le même sort, les autres furent envoyés à Wellington, qui en fit bonne et prompte justice
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Mémoires du Général Baron de Marbot, Paris, 1891, 2.º vol. , pags. 418-419



Os mesmos factos narrados em Portugal

Este Exército sem transportes, sem armazéns, e por consequência, sem víveres, se alimentava do que ia roubando nos diferentes lugares por onde passava na marcha, e dos armazéns que achou em Condeixa e Leiria; porém ,logo que se tomou a posição acima dita (a), em dois dias foi todo o Exército reduzido a uma miséria sem igual, de modo que se comiam os cães e os burros, que os soldados traziam para lhes transportarem os roubos que iam fazendo por onde passavam. Estas privações ocasionaram uma forte deserção, não só para os Aliados, mas também para o interior do País, e como os desertores se encontrassem em muitas bandas, resolveram entre si organizar um Corpo que denominaram o 11.º Corpo.

Elegeram um General para os comandar, oficiais subalternos, etc. e começaram a devastar o País na zona de Nossa Senhora da Nazaré, Alcobaça, Vila da Costa, Caldas, etc. – e como o Exército estava reduzido à maior necessidade, e os chefes não ousavam deixar ir os soldados a roubar, para se não enfraquecerem na frente do inimigo, mandavam destacamentos procurar víveres para serem distribuídos pela tropa, os quais sendo encontrados pelo dito 11.º Corpo (que chegou a ser de mais de 1 600 homens) eram atacados por ele e obrigados a capitular, e a servir com ele, ou ficarem prisioneiros.

Chegou, passado algum tempo, esta insurreição à notícia de Massena, e não deixou de o inquietar, e portanto, mandou logo duas divisões à caça dos rebeldes, que em breve foram cercados, e depois de um disputado combate, sucumbiram à força e depuseram as armas. Os chefes foram logo arcabuzeados e os soldados remetidos aos seus corpos. Por este facto pode fazer-se uma ideia da disciplina daquele Exército.

(a)
2.º Corpo – Vila Franca de Xira, com o Grande Quartel-general em Alenquer
8.º Corpo em frente do Sobral
6.º Corpo em frente de Torres Vedras

(Relação de alguns acontecimentos notáveis da campanha de Massena em Portugal, escrita por hum official, que accompanhou o mesmo exército, em
O investigador portuguez em Inglaterra ou jornal literario politico, vol. VI, 1813, pags. 57-74 e 210-220 )



Por aquele mesmo tempo, o coronel Wilson, tendo estado em Leiria com o general Bacelar, progredira na sua marcha até Ourém, tornando-se por este modo senhor da estrada real de Leiria para Coimbra. Para as bandas de Óbidos e Ramalhal, a cavalaria britânica, com um batalhão de tropas ligeiras espanholas, assim como as tropas da guarnição de Peniche, persistiam em limitar por aquele lado quanto possível lhes era as correrias e devastações dos franceses. Faltos de transportes como estes estavam, não tendo por si armazéns, e portanto destituídos de víveres para a sua regular subsistência, apenas chegaram às linhas, viram-se logo reduzidos à mais extrema miséria, chegando até a comerem com o andar do tempo os cães, os burros e os cavalos, que os soldados traziam para lhes transportarem os roubos que tinham feito nas povoações assaltadas. Estas privações ocasionaram uma forte deserção, não só para os aliados, mas também para o interior do País; e como estes desertores se encontrassem em muitas partes, resolveram entre si organizarem-se em um corpo regular, com a denominação de undécimo corpo. Elegeram depois disto um general para os comandar, oficiais superiores e subalternos, etc. Constituídos por este modo, começaram depois a devastar o país da parte da Nazaré, Alcobaça, Caldas, etc., e como o exército em geral se visse reduzido à maior necessidade, e os chefes não ousassem permitir aos seus soldados a facilidade de irem isoladamente roubar, para se não enfraquecerem na frente do inimigo, tomaram o expediente de mandar destacamentos a procurar víveres para serem distribuídos pela tropa, destacamentos que, sendo encontrados pelo dito undécimo corpo, que chegou a ter mais de 1:600 homens, eram por ele atacados e obrigados a capitular, prestando-se a servir com eles, ou a ficarem prisioneiros, não querendo servir. Passado algum tempo, chegou esta insurreição à notícia de Massena, a quem não deixou de inquietar, de que resultou mandar logo duas divisões à caça dos rebelados, que em breve foram cercados, e depois de um disputado combate sucumbiram à força, tendo de depor as armas. Os denominados chefes foram logo arcabuzados, e os soldados remetidos aos seus corpos. Só por este facto se pode bem fazer ideia de qual deveria ser por então a disciplina do exército de Massena, e a desgraça do país que devastava.

(Simão José da Luz Soriano, História da Guerra Civil e do estabelecimento do Governo Parlamentar de Portugal, 2.ª Época, Tomo III, Lisboa, Imprensa Nacional, 1874, pags. 252/253)



Em 1898, os autores Henri Chivot, Jean Gascogne e Georges Rolle, escreveram uma opereta em três actos com o título Le Maréchal Chaudron, que foi musicada por Paul Lacôme d'Estalenx, e representada pela primeira vez a 27 de Abril no Théatre de la Gaité, em Paris. A essa opereta se referem estas duas notícias:

THÉATRE DE LA GAITÉ. — Le Maréchal Chaudron, opéra-comique en 3 actes et 6 tableaux de MM. Chivot, J. Gascogne, et G. Rafle, musique de M. P. Lacome.


Avec le Maréchal Chaudron, nous voici dans la pièce militaire à grand spectacle, époque du premier empire. Ce maréchal n’est qu’un vulgaire sergent, mais qui mérite certainement le grade suprême par son talent de débrouillard, en matière de victuailles. Pendant que son régiment tient campagne contre les Anglais en Portugal, le sergent Berthaut, aliàs Maréchal Chaudron, découvre un couvent abandonné, véritable grenier d’abondance, et y mène joyeuse vie. Cela ne l’empêche pas de servir sa patrie en jouant cent tours aux Anglais. L’aventure qui forme le fond de la pièce est l’enlèvement de la fiancée de son capitaine, que courtisait un major anglais; celle-ci, après de nombreuses péripéties où faillit sombrer sa vertu, finit par épouser le capitaine, et Jean Berthaut, qui vient de s’emparer des convois de l’intendance anglaise, revient couvert de gloire au quartier général.


Très mouvementée et très gaie, cette jolie pièce est jouée avec un entrain particulier par la troupe ordinaire de la Gaité, complétée d’un excellent baryton, M. Edwy. La partition est l’œuvre d’un musicien rompu aux finesses du métier. Les grands ensembles sont traités avec une sûreté de main que l’on rencontre rarement dans le genre de l’opérette. Un joli ballet réglé par Mme Mariquita exhibe en Portugaises d’intéressants minois.

La Plume, volume 9, 1898, pags. 314




Quarante lignes des Mémoires de Marbot donnèrent à MM. Jean Gascogne et Georges Rolle la première idée de leur pièce. Mais on reconnaîtrait difficilement dans l'épisode raconté par Marbot, le thème de l'ouvrage, et nos auteurs ont dû le modifier de si complète façon que, de la version primitive, il ne reste guère que le titre. Comment Jean Berthaut, aidé de la gentille Bayonnaise qui lui a donné son cœur et d'un Parisien dégourdi, répondant au nom de Pigeonnet — vous avez flairé Paul Fugère - délïvre-t-il des poursuites du major Watson l'aimable pupille de l'alcade d'Alcobaza, qui en lient vigoureusement pour son capitaine ; comment se trouve-t-il forcé, dans le but de calmer sa bande d’irréguliers, de faire mine d’épouser lui-même la jolie Perlita, et comment, fait prisonnier par les Anglais, leur échappe-t-il miraculeusement, rendant Perlita à son beau capitaine et rentrant au champ français juste à temps pour se voir hautement féliciter par le général ? C’est ce que nous content les auteurs du Maréchal Chaudron, en trois actes, amusants et variés, que d’aucuns eussent seulement voulu un tantinet plus clairs.

Les Annales du théâtre et de la musique, Volume 24‎ - 1899, Page 377




Há pouco tempo (alguns anos?) um informático francês, Olivier Fontana, anunciou aos amigos e também na Internet que ia escrever um romance sobre o Maréchal Chaudron e desenhou mesmo umas poucas de capas, com vista a escolher uma. Ignora-se o adiantamento da obra, embora ele diga algures que só lhe faltam umas 50 páginas.

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