segunda-feira, 17 de maio de 2010

ANGOLA

................

................NATIONAL

..............GEOGRAPHIC


July 1910, p. 625



ANGOLA, THE LAST


FOOTHOLD OF SLAVERY



ANGOLA, the Portuguese colony on the West Coast of Africa, is a country about as large as France, Switzerland, and Italy combined. Its coast-line on the Atlantic is nearly 1,000 miles in length and has many good harbors. For every thousand people who have heard of the Congo Free State, which borders on the east and north, it is possible that two have heard of Angola, and perhaps one of those knows that from a time some score of years before the inauguration of the Congo State to the present day there has existed in that country a system of slavery which is only comparable with that of the Spaniards in the West Indies. Slaves are brought down from the far interior, often as far as 800 miles, by agents who think they have done well if one-half of their drove survive the journey. At the coast, knowing that it is impossible for them to return home, the slaves bind themselves to a term of service "indentured labor," it is called which never ends, and are shipped to the cocoa plantations of the islands of Saint Thome and Principe.


Angola is classed as a country poor in natural products of the soil and in minerals, but still moderately rich in men, in spite of having been squeezed for generations by the Portuguese. The principal agricultural products are manico, coffee, bananas, sugar-cane, and tobacco. The trade is mostly with Portugal, the chief exports being coffee, rubber, ivory, wax, fish, and palm oil.

The capital of Angola is Loanda, or Saint Paul de Loanda, as it was christened, the oldest Portuguese settlement south of the Equator and once the center of the slave trade between Africa and Brazil. Its splendid harbor offers a safe haven, and it boasts of a mixed population of about 25,000. For administrative purposes the colony is divided into five districts, and at the head is a governor appointed by the Portuguese. The population is estimated at 5,000,000, the greater portion natives, and the number of Europeans being only about 4,000. They have, however, exercised a great modifying influence on the native population inhabiting the western part of the colony as regards their customs and economic condition.



Transcrição sugerida pela leitura do artigo “O país pobre, bonito e honrado da National Geographic”, de Luis Villalobos, na PÚBLICA, de 16 de Maio de 2010


segunda-feira, 10 de maio de 2010

Trava-línguas - Trabalenguas - Scioglilingua - Virelangue - Tongue twister - Zungenbrecher





O rato roeu a rolha
Da garrafa do rei da Rússia.


Paulino sem pau é lino
Paulino sem lino é pau
Tirando o pau ao Paulino
Fica o Paulino sem pau.


Pardal pardo porque palras?
Eu palro e palrarei,
porque sou pardal pardo
palrador d'El-Rei.


Uma aranha dentro da jarra. Nem a jarra arranha a aranha nem a aranha arranha a jarra.


Compadre, cómprame un coco. Compadre, coco no compro, que el que poco coco come, poco coco compra.


Apelle, figlio di Apollo
Fece una palla di pelle di pollo
Tutti i pesci vennero a galla
Per vedere la palla di pelle di pollo
Fatta da Apelle figlio di Apollo


Sopra la panca la capra campa,
sotto la panca la capra crepa.


Sotto le frasche del capanno
quattro gatti grossi stanno;
sotto quattro grossi sassi,
quattro gatti grossi e grassi.



Sachant en chasseur avisé qu’un chasseur sachant chasser sait chasser sans son chien de chasse.


She sells sea shells by the sea shore.
The shells she sells are sure sea shells.


Fischers Fritz fischt frische Fische. Frische Fische fischt Fischers Fritz

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Infinito, de Giacomo Leopardi (1819)





Sempre caro mi fu quest'ermo colle,

e questa siepe, che da tanta parte

dell'ultimo orizzonte il guardo esclude.

Ma sedendo e mirando, interminati

spazi di là da quella, e sovrumani

silenzi, e profondissima quiete

io nel pensier mi fingo; ove per poco

il cor non si spaura. E come il vento

odo stormir tra queste piante, io quello

infinito silenzio a questa voce

vo comparando: e mi sovvien l'eterno,

e le morte stagioni, e la presente

e viva, e il suon di lei. Così tra questa

immensità s'annega il pensier mio:

e il naufragar m'è dolce in questo mare.





Sempre cara me foi esta colina
Erma esta sebe, que de extensa parte
Dos confins do horizonte o olhar me oculta.
Mas, se me sento a olhar, intermináveis
Espaços para além, e sobre-humanos
Silêncios e quietudes profundíssimas,
Na mente vou sonhando, de tal forma
Que quase o coração me aflige. E, ouvindo
O vento sussurrar por entre as plantas,
O silêncio infinito à sua voz
Comparo: é quando me visita o eterno
E as estações já mortas e a presente
E viva com os seus cantos. Assim, nessa
Imensidão se afoga o pensamento:
E doce é naufragar-me nesses mares.




domingo, 21 de março de 2010

Poesia erótica





Johnny took Joan by the arm
And led her unto the haycock;
And yet he did her no harm,
Although he felt under her smock.
........Although he did touse her,
........Although he did rouse her
Until she backwards did fall,
........She did not complain
........Nor his kindness refrain,
But prayed him to put it in all.

De Love’s Masterpiece, 1683



João e Maria

João pegou Maria pelo braço
E gentil levou-a atrás da moita
Mas não lhe tirou nenhum pedaço:
Sob a saia, a sua mão afoita
........Só a pôs em desalinho
........Com o fervor dos carinhos.
E qual ela se deitou, matreira,
........Não opôs, tenho a certeza
........Nenhum estorvo à gentileza:
Pediu-lhe, antes, que a enfiasse inteira.




A monarch I’ll be when I lie by thy side.
And thy pretty hand my sceptre shall guide.

De Wit’s Cabinet, aprox. 1700


O MONARCA

Um monarca eu serei quando, estendido ao teu lado,
O meu ceptro for por tua linda mão guiado.




Cum monachus monacham premeret gemibunda, ‘Mihi’ inquit
........‘Væ miseræ hæc ludrica perdo animam.’'
Quam pius antistes verbis solatur amicis,
........Inguinaque inguinibus, osculaque ora tegens,
‘Hos aditus ego præcludam, tu, ne exeat’ inquit,
........‘Quicquam animæ porta posteriore, cave’.

...........................George Buchanan (1506 - 1582)


As a monk was lying on top of a nun, she groaned out: “Alas I’m losing my soul in this sporting!’ The pious priest consoles her with loving words, covering her loins with his loins, her mouth with his lips. ‘I’ll close off these exits,’ he said, ‘you make sure that no part of your soul gets out by the back door.’




Se tu fussi ‘na carcarazza
e eu fussi 'nu rusignolu,
aprarissi ssa hiangazza
mu ti ‘mbiscu stu pisciolu.

Folclore da Calábria


Se tu fosses uma pega
e se eu fosse um bacurau,
farias da tua greta
um ninho para o meu pau.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Janelas Altas, de Philip Larkin




Quando vejo um casal de miúdos
E percebo que ele a anda a foder e ela
Usa um diafragma ou toma a pílula
Sei que isto é o paraíso

Com que os velhos sonharam toda a vida –
Compromissos e gestos postos de lado
Que nem debulhadora fora de moda,
E toda a gente nova a descer pelo escorrega,

Interminavelmente, para a felicidade. Será
Que alguém olhou para mim há quarenta anos,
E pensou: Isso é que vai ser boa vida,
Nada de Deus ou de suores nocturnos,

Ou medo do inferno, ou ter de esconder
Do padre aquilo em que se pensa. Ele
E a malta dele, c’um raio, hão-de ir todos pelo escorrega
Abaixo, livres que nem pássaros?
E de imediato

Em vez de palavras, vêm-me à ideia janelas altas:
O vidro que acolhe o sol, e mais além
O ar azul e profundo, que não revela
Nada e está em lado nenhum e não tem fim.

Tradução de Rui Carvalho Homem, em Philip Larkin, Janelas Altas, Poesia, Edições Cotovia, Lisboa, 2004, ISBN 972-795-087-6



Original


High Windows


When I see a couple of kids
And guess he's fucking her and she's
Taking pills or wearing a diaphragm,
I know this is paradise

Everyone old has dreamed of all their lives--
Bonds and gestures pushed to one side
Like an outdated combine harvester,
And everyone young going down the long slide

To happiness, endlessly. I wonder if
Anyone looked at me, forty years back,
And thought, That'll be the life;
No God any more, or sweating in the dark

About hell and that, or having to hide
What you think of the priest. He
And his lot will all go down the long slide
Like free bloody birds.
And immediately

Rather than words comes the thought of high windows:
The sun-comprehending glass,
And beyond it, the deep blue air, that shows
Nothing, and is nowhere, and is endless.

sexta-feira, 5 de março de 2010

Manuscrito Anónimo de cerca de 1610




-¿Qué me quiere, señor ? -Niña, hoderte.
-Dígalo más rodado. -Cabalgarte.
-Dígalo a lo cortés. -Quiero gozarte.
-Dígamelo a lo bobo. -Merecerte.

-¡Mal haya quien lo pide de esa suerte,
y tú hayas bien, que sabes declararte!
y luego ¿qué harás ? -Arremangarte,
y con la pija arrecha acometerte.

-Tú sí que gozarás mi paraíso.
-¿Qué paraíso ? Yo tu coño quiero,
para meterle dentro mi carajo.

-¡Qué rodado lo dices y qué liso!
-Calla, mi vida, calla, que me muero
por culear tiniéndote debajo.




quarta-feira, 3 de março de 2010

A TORRE DE BABEL OU A PORRA DE SORIANO





Eu canto do Soriano o singular mangalho!
Empresa colossal! Ciclópico trabalho!
Para o cantar inteiro e para o cantar bem
precisava viver como Matusalém.
Dez séculos!

Enfim, nesta pobreza métrica
cantemos essa porra, porra quilométrica,
donde pendem colhões que idéia vaga
das nádegas brutais do Arcebispo de Braga.

Sim, cantemos a porra, o caralho iracundo
que, antes de nervo cru, já foi eixo do Mundo!
Mastro de Leviathan! Iminência revel!
Estando murcho foi a Torre de Babel
Caralho singular! É contemplá-lo
É vê-lo teso!
Atravessaria o quê?
O sete estrelo!!

Em Tebas, em Paris, em Lagos, em Gomorra
juro que ninguém viu tão formidável porra
É uma porra, arquiporra!
É um caralhão atroz
que se lhe podem dar trinta ou quarenta nós
e, ainda assim, fica o caralho preciso
para foder a Terra, Eva no Paraíso!!

É uma porra infinita, é um caralho insone
que nas roscas outrora estrangulou Laoccoonte.

Oh, caralho imortal! Oh glória destes lusos!
Tu podias suprir todos os parafusos
que espremem com vigor os cachos do Alto Douro!
Onde é que há um abismo, onde há um sorvedouro
que assim possa conter esta porra do diabo??!
O Marquês de Valadas em vão mostra o rabo,
em vão mostra o fundo o pavoroso Oceano!
– Nada, nada contém a porra do Soriano!!

Quando morrer, Senhor, que extraordinária cova,
que bainha, meu Deus, para esta porra nova,
esta porra infeliz, esta porra precita,
judia errante atrás duma crica infinita??
– Uma fenda do globo, um sorvedouro ignoto
que lhe dá de abrir talvez um dia um terramoto
para que desague, esta porra medonha,
em grossos borbotões de clerical langonha!!!

A porra do Soriano, é um infinito assunto!
Se ela está em Lisboa ou em Coimbra, pergunto?
Onde é que ela começa?
Onde é que ela termina
essa porra, que estando em Braga, está na China,
porra que corre mais que o próprio pensamento
que porra de pardal e porra de jumento??
Porra!

Mil vezes porra!
Porra de bruto
que é capaz de foder o Cosmo num minuto!!


........................GUERRA JUNQUEIRO