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Ad Ursam flentem
Quid fles? en nitidos turbat tibi fletus ocellos!
Quid fles, o lacrymis Ursa decora tuis?
Forte quod adversus te acciverit ira Camenas,
Aut mihi quod tu sis non adamata putes?
Crede mihi, mea lux, tantum te diligo, quantum
Non magis ex animo quisquis amare queat.
Tu quoque me redamas. Dubium est, qui vincit amore,
Alter utram vincit, vincitur alter utra.
Cur igitur credis vitio qui ductus iniquo
Inter nos rixam dissidiumque cupit?
Juro per has lacrimas et crura simillima lacti,
Perque nates molles, et femur, Ursa, tuum,
Quod nunquam nisi quæ te laudent carmina feci;
Sic sit versiculis gratia multa meis.
Ah pereat quæso tibi qui mendacia dixit!
Ah pereat falsum qui tibi cumque refert!
Terge tuos fletus, sine te dissuavier, Ursa:
Farce mihi, luctu torqueor ipse tuo.
Tandem siste tui lacrymas, curaque salutem,
Namque ego te domina sospite sospes ero.
A Ursa, que chora
Por que choras? O pranto ofusca os teus olhos brilhantes! Por que choras, ó Ursa? Ficas mais bonita com as tuas lágrimas? Talvez porque a raiva excitou contra ti a minha musa, ou porque pensas que já não és por mim amada? Acredita, minha querida, eu amo-te tanto como mais ninguém pode amar do fundo da alma. E tu também me amas. Não se sabe quem de nós dois ama mais; um ama o outro e é amado com um amor igual. Então porque crês em quem, por um instinto iníquo, fomenta entre nós dissensão e discórdia?
Juro-te pelas tuas lágrimas, pelas tuas coxas mais brancas que o leite, pelas tuas nádegas macias, pela tua crica, ó Ursa, que nunca escrevi versos senão em teu louvor, e é por ti que os meus versos têm beleza. Morra quem te disse essas falsas coisas! Morra quem te disse essa mentira! Enxuga as tuas lágrimas; deixa que te beije. Ursa, tem piedade de mim, a tua tristeza é para mim tortura. Trava as tuas lágrimas, pensa na tua saúde: porque eu estarei bem se a minha senhora estiver bem.
De pœna infernali, quam dat Ursa auctori
superstiti
Si calor et fœtor, strider quoque sontibus umbris
Sint apud infernos ultima pœna locos,
Ipse ego Tartareas, dum vivo, perfero pœnas,
Id mihi supplicium suggerit Ursa triplex.
Nam sibi merdivomum stridit resonatque foramen,
Fervet et Ursa femur, putet et Ursa pedes..
Do suplício infernal que Ursa inflige ao autor sobrevivente
Se o calor, o fedor, o chinfrim atormentam as almas condenadas no inferno, último suplício delas, eu, vivo ainda, sofro as penas de Tártaro. Ursa inflige-me um tríplice suplício, pois o seu ânus assobia e troveja, as suas coxas queimam, cheiram mal os seus pés.
De:
Hermaphroditus, de Antonio Beccadelli (Palermo, 1394 – Nápoles, 1471), dito o Panormita, isto é, Palermitano
sábado, 4 de dezembro de 2010
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