sábado, 6 de novembro de 2010

O hermafrodita

------
------
------

AD AURISPAM DE URSÆ VULVA

Ecquis erit, vir gnare, modus, ne vulva voracis
Ursa testiculos sorbeat usque meos
Ecquis erit, lotum femur hæc ne sugat hirudo,
Ne prorsus ventrem sugat ad usque meum?
Aut illam stringas quavis, Aurispa, medela,
Aut equidem cunno naufragor ipse suo.


A AURISPA, SOBRE A CRICA DE URSA

Haverá algum modo, homem sábio, para que a vulva voraz de Ursa não engula os meus testículos? Um meio para que esta sanguessuga não sugue toda a minha coxa, e em seguida me sugue também o meu ventre? Não importa como, Aurispa, encolhe-a, ou certamente irei naufragar na sua crica.




AURISPÆ RESPONSIO

Si semper tantus spirare in æquore fœtor,
Neminis ut nasus littora ferre queat,
Quis vel in Adriaco, Scythico quis navita posset,
Aut in Tyrrheno naufragus esse mari?
Et tu ne timeas; nam cum magis arrigie Ursæ,
Cumve magis cupias, vulva repellet olens.
Hæc fiat ita horrendum, quod pingue et putre cadaver
Ursæ cum cunno lilia pulcra foret.
Hæc flat ita, ut, merdis si quisquam conferat inguen,
Sit violæ et suaves multa cloaca rosæ.
Sin tuus hunc talem non horret nasus odorem,
Ut sit tunc vulva strictior Ursa dabo.



RESPOSTA DE AURISPA

Se sempre exala das ondas um fedor tal que nenhum nariz pode tolerar o mar, qual o barqueiro que irá naufragar no mar Adriático, no Cítico ou no Tirreno? E tu não temas, pois, quanto mais anseias por Ursa, quanto mais a desejas, mais a sua natureza pútrida te repele. Ela emana um odor tão nauseabundo que um cadáver gordo e já podre, em comparação com a vulva de Ursa, é um lírio perfumado. Ela emana um fedor tal, que comparada aos excrementos, a cloaca transforma-se em violetas e rosas suaves. Se o teu nariz não rejeita um tal odor, procurarei então tornar mais estreita a crica de Ursa.


De:
Hermaphroditus, de Antonio Beccadelli (Palermo, 1394 – Nápoles, 1471), dito o Panormita, isto é, Palermitano

Sem comentários:

Enviar um comentário