TRANSITGESCHICHTEN, de Lilli Brand
Deutsche Verlags-Anstalt
München
2004
ISBN 3-421-05828-8
Comprei este livro já há alguns três ou
quatro anos, mas na altura não tinha conhecimentos de Alemão para o ler. Peguei
nele há dias e tive a satisfação de o ler com poucas consultas de dicionário em
dois dias.
O “trânsito” do título é a emigração (neste
caso de jovens mulheres) de um país para outro para melhoria de vida.
Lilli Brand nasceu em 22 de Julho de 1974
em Kasatina, na Ucrânia, com o nome de Ludmila Nikolajewna Ischtschuk. A sua
mãe era engenheira dos caminhos de ferro e o seu pai, condutor de
locomotiva. Os seus pais separaram-se pouco depois do nascimento dela.
Saiu de casa, após os estudos liceais. Em
1991, obteve um diploma de parteira na Faculdade de Medicina de Winniza. No
semestre de 1993/1994, passou para Kiew, com a intenção de aí estudar Medicina.
Tinha grandes dificuldades de dinheiro,
pois os seus pais não tinham possibilidades de a sustentar nos seus estudos.
Nessa altura, frequentou os pretos que estudavam em Winniza e recebiam altas
mesadas de seus pais ou de seus Governos.
Como muitas outras raparigas, decidiu
partir para a Alemanha. As raparigas que vinham do Leste tinham duas soluções
para sobreviver e obter documentos legais para permanecer na Alemanha: ou iam
cuidar de crianças como au pair (ou baby sitter)ou
entravam na prostituição. Neste último caso, o meio mais seguro de obter a
autorização de residência era fazer um casamento de conveniência com um
alemão (Schneemann) a quem pagavam uns milhares de marcos para isso. Foi
assim que ela encontrou um Senhor Brand, com quem casou e de quem teve o
nome dali em diante.
Em 1999, conheceu ela uma pessoa que, desde
então, tem sido muito importante na vida dela, o jornalista Helmut Höge (n.
18-10-1947, agora reformado) que escrevia no Tageszeitung. É ele
que escreve o postfácio deste livro. Sobretudo, foi ele que corrigiu e
possivelmente ajudou a redigir os artigos que ela publicou no
Tageszeitung até 2004, cuja lista coloco a seguir. Esses artigos foram depois
reproduzidos no livro quase ipsis verbis. De facto, seria
impossível para ela escrever tão bem o livro sem a ajuda dele, tanto mais que o
jornalista diz que ela falava um Alemão quase perfeito. Este
facto levanta a questão de saber por que é que o livro não aparece como escrito
em co-autoria: foi generosidade do jornalista ou este não quis misturar o seu
nome com a vida dos bordéis?
O livro fala de um Mundo Cão da exploração
sexual das raparigas do Leste que mais cedo ou mais tarde passam pelo inferno
da droga, tal como sucedeu à autora.
Pag. 140
Aufs Zimmer gehen
Der Philosoph Michel Foucault hat einmal gesagt: “Die Einzigen , die
wirklich was über die männliche Sexualität wissen, sind die Prostituierten“.
Nun denn – in der Reihenfolge meiner Erinnerung.
Es begann im „Evi Club“ am Stuttgarter Platz. Das Lokal
wurde viel von portugiesischen Bauarbeitern frequentiert. Manchmal war der
ganze Flur voller Männer und es war so verqualmt, dass man kaum etwas wehen
konnte. Mit einem der Portugiesen hatte
ich mehrmals zu tun. Er war sehr nett, konnte aber kaum Deutsch, sodass er mir nicht erklären konnte, was er wollte. Er
legte sich einfach nackt aufs Bett und
ließ mich machen. Alles was ich tat, war anscheinend das Richtige. Es war das Übliche: Gummi
überstreifen, blasen, auf ihn raufsteigen, sich hin und her bewegen – und
fertig.
TRADUÇÃO
Ir para o quarto
Foi o Filósofo Michel Foucault quem disse: “As únicas
pessoas que conhecem verdadeiramente a sexualidade masculina são as
prostitutas”. Então, continuando as minhas memórias…
Tudo começou no “Evi Club” na Praça de Estugarda. O local
era muito frequentado pelos trabalhadores portugueses da construção. Muitas
vezes estava o corredor cheio de homens e era tanto o fumo que uma pessoa quase
nada conseguia ver. Estive várias vezes com um dos Portugueses. Era um tipo
simpático, mas nada sabia de alemão, e por isso não era capaz de me dizer o que
é que pretendia. Assim simplesmente deitava-se nu na cama e deixava para mim
tudo o que havia a fazer. Tudo o que eu fazia parecia estar certo. Era o
habitual: enfiar a camisinha, mamar o coiso, subir para cima dele, mexer-me para cima e
para baixo e, pronto, serviço feito.